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  • Foto do escritorDenise Personal Kids

Brincadeiras Tradicionais - Parte 1

Denise Schmitt Garcia

 


Em tempos de isolamento, é inevitável buscar memórias, experiências e atividades que nos proporcionaram prazer em algum momento de nossa vida! Lembraremos juntos o que fizemos, o que vivemos e como esses momentos nos trouxeram alegrias! Hoje iremos resgatar o bilboquê, a brincadeira de pular elástico, o bobinho, família vende tudo e mãe da rua. Lembra?

Viver no interior tem suas vantagens! Há quem diga que só tem vantagens, mas essa pessoa certamente não viveu tão longe e nem por muito tempo! Penso que tudo tem um contraponto. Não ter cinema, lanchonete ou até escada rolante na sua cidade parece um absurdo; em compensação, posso dizer que: alimenta-se melhor, se faz mais exercício subindo escadas e é preciso usar a criatividade para criar e produzir. Afinal, nada vem pronto!

De qualquer forma, minha infância foi no interior de São Paulo. É de lá que vêm as minhas memórias, minha saudade e as experiências de liberdade que tento passar para as crianças que circulam pela minha vida.

Para muitos, brincar com o simples pode ser mais difícil, mas é sem dúvida alguma, muito mais legal e criativo! Muitas vezes, um brinquedo te oferece uma, duas, no máximo três possibilidades de brincar. Já um pedaço de papel, um rolinho de papel higiênico ou uma garrafa pet, além de não terem valor monetário, despertam inúmeras possibilidades de brincar, reciclar, produzir, pintar e imaginar.

Atualmente, em um mundo cada vez mais urbanizado, globalizado e informatizado, as brincadeiras tradicionais tornaram-se obsoletas e acabaram perdendo espaço nas preferências infantis. Os games, as séries, os tablets são tão irresistíveis que perdemos as nossas crianças para eles em um piscar de olhos. Não parece que foi ontem que eles ainda se divertiam com tão pouco? Pode ser até uma infeliz coincidência, ainda não sei. Mas não é estranho que com a mudança no brincar das crianças tenha diminuído o contato físico entre elas, o compartilhar, os jogos cooperativos, a tolerância às frustrações; tenha aumentado a competitividades e diminuído a empatia?

Um jogo hoje se faz online, com uma criança em cada canto do mundo! Acho muito legal, mas se a parte boa e a diversão acabarem é só desligar! Não precisa argumentar, se defender, brigar, inventar uma estória ou até comemorar. Com um simples OFF toda aquela integração acaba, e o menino fica sozinho de novo! Acho um tanto esquisito!

Como dizia no interior: isso “pra” mim não “orna” com infância!

Meu objetivo aqui é trazer para todos uma retrospectiva das brincadeiras tradicionais que vi e vivi. Criar, divertir, interagir e aproveitar a simplicidade para compartilhar momentos com as crianças, sem a necessidade de muito investimento além de: tempo, boa vontade e um toque de paciência! Então, vamos às brincadeiras!


1. FAMÍLIA VENDE TUDO

Esta é uma brincadeira extremamente rica de aprendizagem e que costuma reter muito tempo e atenção da criança.

Primeiro separem alguns itens da casa, do quarto, da cozinha, do armário que possam ser “comercializados”. Depois coloque placas com preços em cada um dos objetos. Só para fazer isso, a criança terá que analisar as proporções de um item e de outro, terá que fazer uma pesquisa e então, chegar em um valor coerente com o seu pensamento de realidade e fantasia.

Sugira que ela disponha os produtos como em uma loja de verdade.

Depois você pode propor que ela faça as notas de dinheiro para que vocês possam brincar juntos de dar o troco, explorar as operações matemáticas, fazer negociações de desconto...

Pagar no cartão de crédito perde um pouco a graça nesta brincadeira. Com tudo pronto, é só deixar a fantasia tomar conta! Um pode ser o vendedor, outro o comprador e essa brincadeira pode envolver a família toda! É muito divertido! Benefícios para aprendizagem - Estímulo à criatividade e à fantasia. - Trabalha operações matemáticas simples. - Planejamento, organização e execução da ideia. - Promove a análise de coerências, ao transpor as situações imaginárias para um contexto de realidade. - Coordenação motora para a realização das notas de dinheiro, placa de preços e de promoções. - Possibilidade de projeção pessoal em diferentes personagens de uma brincadeira de imaginação. - Consciência das coisas que possui e sua utilidade.

2. BILBOQUÊ

Este jogo consiste na habilidade de enfiar o bastão na carapuça do bilboquê, que pode ser construído com sucata, ou também feito com bolinha de papel e garrafa pet, que cumpre a mesma função.

Se tiver um bilboquê de brinquedo, cada criança vai jogando a bola para cima tentando acertar o buraco. Enquanto isso, os outros vão contando até dez ou vinte, que será o tempo dedicado a cada participante. Cada vez que um jogador acerta, marca um ponto. Não é um exercício fácil, mas vale tentar.

Esta brincadeira é apropriada para crianças com mais de 5 anos, para que tenham coordenação motora suficiente e não façam do bilboquê um brinquedo perigoso.

Com garrafa pet - Se não tiver um brinquedo pronto, você pode cortar uma garrafa pet de modo que fique com a parte do gargalo para segurar na mão. Amarre uma ponta do barbante no gargalo e uma bolinha de papel amassado na outra ponta. Pode ser uma bolinha de borracha ou algo parecido. Você pode usar uma fita adesiva para ajudar a fixar a bolinha no barbante. Aí o desafio passa a ser colocar a bola dentro da garrafa, com o mesmo movimento do bilboquê.

Com palito de sorvete e copo descartável - Você também pode fazer o brinquedo com palito de sorvete e um copo descartável. Amarre uma ponta do barbante no meio do palito.

Faça um furo no fundo do copo e passe a outra ponta do barbante por dentro do furo. Depois, pegue um palito de dente e amarre o barbante para fixá-lo no copo. Aí é só tentar colocar o palito de sorvete dentro do copo, também com o mesmo movimento do bilboquê.

Benefícios para aprendizagem: - Coordenação motora para conseguir encaixar o bastão, palito ou bolinha no alvo. - Persistência e vivência de frustração. - Planejamento, organização e execução da ideia, no caso da construção do brinquedo. - Controle da ansiedade para esperar a vez. - Fixação da sequência numérica até 20 ao contar o tempo para o amigo.

3. ELÁSTICO

Essa era a minha brincadeira preferida! A criança pode brincar com mais amigos ou sozinha, neste caso, com a ajuda de duas cadeiras.

Pegue um elástico de costura, daqueles brancos mais grossinhos, com três ou quatro metros. Amarre as duas pontas com um nó.

Se houver três pessoas, peça que duas pessoas coloquem o elástico no tornozelo, se distanciem uma da outra, e abram um pouco as pernas, de modo que o elástico fique preso e surjam duas linhas paralelas com um vão no meio.

Existem várias possibilidades para pular. podem ser utilizadas muitas músicas e coreografias para esta brincadeira. A regra principal, porém, é que você não pode se enroscar e nem prender um dos pés quando precisa pular em cima dos dois lados.

A sequência de pulos (em cima com dois pés, dentro com um pé, em cima com os pés separados...) bem como a altura dos níveis podem ser estipuladas em cada brincadeira. O elástico vai subindo (tornozelo, canela, joelho, coxa, cintura...) à medida que a criança vai ultrapassando os níveis de dificuldade.

Nessa brincadeira, é possível cantar, dividir as palavras em sílabas, soletrar, trabalhar o ABC, contar... tudo isso enquanto pulam!

Como exemplo, veja o vídeo “Como pular elástico? - Educar para Crescer no endereço: https://www.youtube.com/watch?v=Wtegw8D1XA8) Benefícios para aprendizagem: - Coordenação motora grossa com pulos e equilíbrios. - Desafios pessoais e estratégias. - Possibilidade de trabalhar com alfabetização durante a soletração de palavras, sílabas e diferentes propostas de brincar e cantar. - Atividade de esforço físico e gasto de energia. - Estímulo à atividade musical.


4. BOBINHO

Para brincar, é necessário no mínimo três crianças. Faça uma linha criando dois lados, configurando dois times. Cada criança fica de um lado e um fica no meio. Se tiver mais crianças, elas deverão ser divididas nos dois times.


Em qualquer das hipóteses, o bobinho deverá ser voluntário e nunca sorteado, para não causar desconforto e constrangimento.

O Bobinho então fica no meio e pode circular por entre os dois times, tentando interceptar a bola que os outros passam entre si. Quando consegue, troca de lugar com a criança do time que falhou a jogada. Importante: somente o bobinho tem o direito de se movimentar livremente para pegar a bola nos dois campos; os outros jogadores ficam fixos nos seus lugares e campos. Benefícios para aprendizagem: - Coordenação motora grossa em arremessos.

- Lateralidade - Estratégias comuns e cooperativismo entre o time. - Capacidade em lidar com a perda e a frustração. - Reversibilidade rápida entre ganhar e perder. - Capacidade de se colocar no lugar do outro, empatia.

5. MÃE DA RUA

Os participantes têm que atravessar de uma calçada para a outra, pulando de um pé só e ao mesmo tempo fugir da mãe da rua, que corre com os dois pés, para capturar os “sacis”. Aqueles que forem pegos podem correr com os dois pés e começam a ajudar a capturar os outros. A brincadeira termina quando a turma toda for capturada.

Essa é uma brincadeira muito comum das crianças do interior, que ainda podem brincar na rua. Quando estou com mais de cinco crianças ao mesmo tempo, costumo adaptar essa atividade usando duas linhas no chão feitas com fita adesiva, imitando uma rua. As crianças adoram!

Benefícios para aprendizagem: - Coordenação motora grossa nos pulos de um pé só. - Competitividade no início da brincadeira e cooperativismo após ter sido pego. - Capacidade em lidar com a perda e a frustração. - Reversibilidade rápida entre ganhar e perder. - Atividade física e gasto de energia.

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